quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Ele foi com ela no médico

Ele foi com ela no médico. Era sexta-feira, fim da tarde de um dia abafado. Quase todo mundo saindo apressado do trabalho, tendo como destino a rua, a casa, o bar. Ele poderia estar fazendo qualquer outra coisa em vez de ir com ela no médico, inclusive nada. Mas achou importante acompanhá-la, não deixa-la sozinha, dirigir até o consultório conversando sobre como foi o dia. Sabia que ela estava nervosa. Sabia que ela se sentiria sozinha caso estivesse sozinha naquela hora. E muitas vezes ela de fato se sentia sozinha, mas não falava. Ele foi com ela no médico porque sabia que ela queria companhia, porque gostaria que futuramente ela fizesse o mesmo, em uma situação difícil qualquer. Foi com ela no médico para que ela se sentisse protegida, para sentir que estava protegendo alguém; ela. Falaram sobre amenidades no caminho. Erraram a quadra. Riram um do outro. E quando enfim encontraram o endereço ela teve vontade de chorar. O médico poderia dar qualquer notícia, a pior de todas. Nada importava. Aquele abraço forte que ele lhe deu parecia ter o poder de combater o mundo.

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