Aí ele surge no msn (sim, algumas pessoas ainda usam msn) e diz que lá atrás, há sete anos, quando a vida girava em torno da Osvaldo Aranha, aquela atmosfera universitária, vocês deveriam ter “juntado os trapos”. Foi exatamente essa a expressão que ele escolheu: “juntar os trapos”. Aos 21 anos, morando sozinha pela primeira vez, era bem possível que esse fosse um pensamento distante. E era. Mas aquele cara que usava chapéu panamá e havaianas de cores diferentes, citava clássicos da sociologia com muita ou pouca propriedade, dividia apartamento com gente descolada e fumava palheiro, era a personificação de uma vida pouco convencional e livremente feliz. Entre copos de cerveja e música boa madrugada adentro, tardes de chimarrão no parque e discussões ideológicas que não precisavam chegar ao fim, ele se mostrava inteiro e se escondia em seguida. Pregava tanto a liberdade que não conseguiria suportar o peso de uma companhia. Aos 21 anos, ela não queria subir ao altar, mas sonhava viajar com ele pela América Latina, quem sabe Machu Picchu. Ele já tinha ido aos Estados Unidos por terra e contava detalhes da empreitada com gestos amplos, vibração, verdade nos olhos.
Ela não queria muito. Ele não queria nada. Tanto que um dia foi comprar cigarros e não voltou.
Aí surge no msn, sete anos depois, falando em “juntar os trapos”.
Pois é.
O mundo é feito de homens arrependidos.
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Há um pequeno Rob Fleming no peito de cada um de nós...
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