quarta-feira, 14 de julho de 2010
Falso brilhante
Férias podem começar com atrasos de dez horas em vôos; o tempo correndo em saguões lotados de aeroportos frios; gente a te esperar.
Férias podem te deixar com saudade do trabalho, da rotina segura e previsível, do nervosismo do fechamento. Saudade de bater o ponto e ir ao encontro do edredom fofo.
Férias podem te fazer pensar que a escolha mais apropriada não foi feita. E junto vem o alento de que na próxima vez vais acertar.
Férias não recuperam a troca de afeto interrompida pela distância. Convivência é dia-a-dia compartilhado; é domingo com churrasco e maionese; é a pasta de dente que acabou. Não é Skype.
Férias não resolvem problemas familiares; não são suficientes para que a gente consiga matar a saudade do feijão da mãe, do churrasco do irmão, das brincadeiras do vô, do frio, da combinação de três cobertores, do chuveiro a gás.
Férias não dão vida a grandes amores. Às vezes até fazem a gente lembrar com saudade dos pequenos. Muitas vezes nos obrigam a repensar os planos, a prometer não fazê-los mais.
Férias potencializam a adoração por plátanos, por vinho, por música boa tarde da noite.
Férias, mesmo as longas, são sempre curtas, assustadoramente curtas, desesperadamente curtas. Tão curtas que doem. E como dói a vida, para quem espera por esses momentos curtos para viver tudo que dá.
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