segunda-feira, 7 de março de 2011

De cortar o coração

Os quilômetros arrastados que separam o início e o fim da Asa Norte foram percorridos mais uma vez de forma automática, velocidade acima do permitido, pneus quase carecas deslizando no asfalto. O som do carro naquele volume exagerado e algum expoente da MPB a musicar a pequena atmosfera. Caía uma chuvinha fina sob a lataria, encharcando o adesivo colado na traseira, que leva as cores da bandeira do Rio Grande do Sul. Pingos desordenados que tornavam o percurso cercado por árvores mais leve, mais bucólico, mais meu. Sozinha, no escuro da noite, a poucos metros de casa, tive certeza de que não queria me separar dele de forma tão brusca, logo ali, na próxima esquina da vida. Subi as escadas, evitando a rapidez do elevador, que pouco nos ajuda a digerir as dores. Coloquei a chave na porta e, sem forças, caí no choro. É que vender o primeiro carro, mesmo que seja para melhorar de vida, pode cortar o coração.

Um comentário:

  1. Olá, passeando no infomar aportei no teu blog (no antigo) como achei legal vim conhecer o atual.

    Não se preocupe com o tempo...ele continua passando independente de nosso querer, viva cada dia renovando o compromisso de SER FELIZ.

    www.geraldoduarte.blogspot.com

    Aliás o importante não é o quanto tempo passou, mas o que fizemos dele????

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